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Diálogos entre arte e mitologia: A Minotauromaquia de Picasso

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Este é um resumo do meu artigo que explora as referências usadas por Pablo Picasso em sua gravura, a Minotauromaquia, feita em 1935. A leitura da obra tem como base as informações reunidas de vários autores e críticos que analisaram os trabalhos de Picasso. O objetivo é estabelecer relações entre os elementos encontrados na gravura e estudos sobre religião e mitologia, com foco na antiga cultura greco-romana que influenciou o artista.

Não sendo apenas uma gravura com características mitológicas, a obra contém influências diretas dos aspectos da vida de Pablo Picasso, da qual a obra é datada. Os símbolos notados na Minotauromaquia (o monstro, o touro, o cavalo, a mulher, entre outros) podem ser lidos nos  limites coerentes da gravura e dos acontecimentos daquela época, das influências artísticas e culturas, recortadas de suas fontes e ressignificadas para o contexto em que o artista a produziu.

Os elementos principais da Minotauromaquia

No canto direito da gravura, em primeiro plano está o monstro cretense, sombrio, alto, robusto e dotado de um porte obrigando-o a curvar-se para caber na tela. Ele está com a boca entreaberta e tem o olhar fixo para a cena que se forma a frente.

Picasso começou a inserir esse monstro em suas obras em 1928. Na opinião de alguns críticos, o artista estaria se colocando no lugar do Minotauro. Segundo Leo Steinberg:

“O minotauro, personagem familiar de Picasso, o ser aspirante com cabeça de boi: como o escultor com quem convive, ele representa o próprio artista…” (STEINBERG, 2008, p. 136).

Outro elemento é o cavalo agonizante no centro da gravura e deitada sobre o ele está uma toureadora, com os seios nus. Ela tem a cabeça próxima ao rabo da montaria, enquanto suas pernas passam por trás do cavalo. Na mão direita ela carrega uma espada apontada para seu ventre.

A toureadora têm características de uma modelo que inspirava Picasso durante a década de 1930, por isso alguns autores se referem a ela como Marie Thérèse, a amante do artista. Ela ganhou lugar nos quadros dele em cenas graciosas com elementos eróticos.

Minotauro, Toureadora e Cavalo

O mito, a obra e a vida

O mito que envolve o Minotauro está repleto de traições, erotismo e segredos. O monstro é um ser único que foi escondido em um labirinto que ele guarda ferozmente. É importante frisar que a simbologia de um mostro faz referência a um guardião.

Na obra, o Minotauro parece ameaçador, mas é possível ver que sua mão está ligada a mão da toureadora, o que estabelece uma relação entre os dois. Aqui o monstro é o guardião de um segredo do artista que é apontado pela espada da toureadora.

laços entre a toureadora e o minotauro

Para Gilles Plazy, um dos biógrafos de Pablo Picasso, o artista fez de suas obras, um diário. Na Minotauromaquia ele expressa a angústia daquele momento em que era casado com a bailarina Olga Koklova enquanto sua amante Marie Thérèse estava gravida.

Vários artistas já usaram temas mitológicos, porém nas obras de Picasso vemos a mitologia reencenar elementos da vida pessoal do artista. Entretanto, inúmeras interpretações foram feitas para identificar os personagens da gravura e batizá-los como Marie Thérèse, Olga, Picasso entre outras figuras. Porém, a dúvida da real intenção de Picasso continuará sendo um segredo guardado pelo Minotauro.


Esse foi apenas um resumo dos principais elementos abordados no meu trabalho, em breve irei disponibilizar o artigo na íntegra para quem quiser se aprofundar no tema.

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